Implantação do curso de Direito em Guajará-Mirim discutida em audiência
A implantação do curso de Direito no
polo da Fundação da Universidade Federal de Rondônia-Unir, no município de
Guajará-Mirim, foi discutido em audiência pública na manhã desta sexta-feira
(11), no Plenário da Assembleia Legislativa. A indicação para o debate foi dos
deputados Dr. Neidson (PMN) e Jesuíno Boabaid (PTdoB).
O curso funciona em Guajará-Mirim de
forma precária desde 2013 quando foi instalado. “Mas atua em decorrência de
liminar proferida pela Justiça Federal”, afirmou Dr. Neidson na abertura dos
trabalhos. Foi a Justiça, que determinou que a Unir cumprisse as ofertas
previstas do curso, derivado do similar existente em Porto Velho, afirmou.
O curso é importante, prosseguiu Dr.
Neidson, para o desenvolvimento da região fronteiriça, além também da
instalação de novos cursos. “Estão querendo criar uma nova Universidade em
Ji-Paraná e Vilhena e porque não manter os cursos já existentes”, questionou.
O deputado Jesuíno Boabaid pediu que o
vice-reitor encaminhe à Casa de Leis, cópia da carta de intenção assinada entre
o governo do Estado e a Unir, no valor de R$ 4 milhões, para análise dos
parlamentares e da Procuradoria da Assembleia para cobrar do governador
Confúcio Moura (PMDB) o cumprimento dos termos. “Se houve o comprometimento por
parte do Governo, ele tem de cumprir”.
Ressaltou que os parlamentares irão
destinar emendas no valor de R$ 350 mil para comprar os livros necessários para
a biblioteca.
Afirmou que se não foi encaminhado
ainda para a reitoria, a intenção de transformação do curso provisório em
definitivo, é porque houve descaso das pessoas envolvidas.
Boabaid disse que deveria haver um
comprometimento e participação da bancada federal, mas que a Assembleia
Legislativa estará ao lado dos alunos e professores para a discussão e
encaminhamento da proposta.
Foi dado encaminhamento para reunião
dos parlamentares junto a Unir para resolver a questão do curso, bem como ao
terreno que pertence a universidade onde é localizado o bairro Nacional.
Sobre a questão do terreno o
vice-reitor, Marcelo Vergotti disse que para solucionar é necessário que o
Estado ou o município doem outra área para que a Unir possa ampliar seu leque
de ação como a construção do Hospital Universitário, clínica psicológica,
núcleo jurídico entre outros.
Ao final foi lido um requerimento que
será encaminhado a reitoria da universidade hipotecando o apoio para a
implantação definitiva do curso de Direito, cópia do projeto pedagógico do
curso e com os acordos firmados durante a audiência como cópia do termo de
cooperação, a destinação de emendas parlamentares para aquisição dos livros
quando o curso for definitivo e a cobrança do comprometimento da bancada
federal no processo.
Depoimentos
O representante da Defensoria Pública,
Vitor Carvalho Miranda disse que é muito importante o curso naquela cidade para
formar um polo educacional na região fronteiriça e tentar revitalizar a cidade.
“Poderia ser trabalhado o direito
indígena, ambiental e internacional, temas relevantes e em região propícia.
Além de outros cursos como Engenharia de Pesca e Florestal”. Colocou a
Defensoria à disposição para a permanência do debate.
O acadêmico do curso de Direito em
Cacoal, Francisco Xavier Gomes, disse que apesar de ser guajaramirense, teve de
sair de sua cidade para exercer seu direito constitucional de estudar. Defendeu
a manutenção permanente do curso em sua cidade natal e pediu que novos cursos
também sejam implantados para desenvolver a região no município mais antigo do
Estado.
O professor do Núcleo de Ciências
Jurídicas da Unir, Delson Xavier, disse que ele e o professor Claudimir Catiari
idealizaram o curso em Guajará, bem como idealizaram uma possibilidade de
instalação de uma academia para os cursos de formação de policiais militares e
bombeiros, buscando o desenvolvimento do município através da educação.
Infelizmente, o projeto inicial não
teve a devida atenção das futuras administrações e o caminho foi abandonado. “A
formação jurídica é um exercício de cidadania”, afirmou ressaltando a
importância da manutenção permanente do curso na cidade.
Acredita que até a OAB Nacional daria
apoio para a manutenção permanente do curso, pois o projeto abrangeria a
Bolívia também. “Defendo veementemente a manutenção permanente do curso em
Guajará-Mirim”, afirmou Delson.
O vice-reitor, Marcelo Vergotti, disse
que dificilmente alguém seria contra a formação de um curso de Direito em
qualquer município. No entanto, o projeto inicial diz que a turma seria finita,
ou seja, acabou a turma, termina o compromisso. E que teria o apoio do governo
do Estado. “E até hoje estamos aguardando este recurso que nunca veio”,
argumentou.
Disse que é muito bom o curso, mas
“alguém tem de pagar a conta” e que nas dependências da Unir não tramita projeto
para transformá-lo em definitivo. A universidade tem um rito e que precisa ser
cumprido. “Guajará-Mirim precisa apresentar um projeto”, alertou.
A professora do campus de
Guajará-Mirim, Patrícia Carneiro, afirmou que desde 2013 quando iniciou o curso
os alunos e professores tem tentado o diálogo para a transformação em
definitivo, mas sem sucesso. “A universidade tem de estar a serviço da
comunidade. Guajará quer o curso, pois ele pode auxiliar no desenvolvimento e
transformação regional”.
O juiz eleitoral, representando o TRE,
Joaci Loura Junior, disse que a partir desta audiência o incentivo que faltava
para a formação definitiva do curso de Direito chegou. “Tenho a certeza que os
deputados proponentes não baixarão a guarda e lutarão para a concretização
deste polo educacional em Guajará”, argumentou.
Pediu para o vice-reitor que assim que
a pauta chegar à universidade que seja dada celeridade ao processo. Esta luta
não pode ser mais de poucos cidadãos, mas de todos, especialmente dos deputados
que foram eleitos como seus representantes.
O diretor do Núcleo de Ciências Sociais
e Humanas da Unir, professor Júlio Rocha, disse que não é a favor somente do
curso de Direito, mas de todo o desenvolvimento de novos cursos para atender a
toda a região.
O também professor da Unir em
Guajará-Mirim, José Otávio Valente, afirmou que há um encaminhamento por parte
da Unir junto ao MEC para a regularização da turma. Apesar do quadro carente de
professores, estão conseguindo manter e atender os alunos.
“Ninguém vai fechar o curso de Direito
em Guajará-Mirim, pois ele não existe. É uma turma provisória. Agora é preciso
cumprir os trâmites legais para a criação definitiva do curso”, salientou o
professor José Otávio complementando que é necessário cumprir os trâmites
legais.
Fonte: Decom/ALE-RO.
Fonte: Decom/ALE-RO.